18 de julho de 2011

Nota oficial do Sepe - porque somos contra o Saerjinho



O Sepe esclarece a respeito da

matéria veiculada pelo RJ TV

Edição hoje:

as provas do Saerjinho são uma parte importante

do Plano de Metas

apresentado pela

Secretaria Estadual de Educação e tem

como um

dos seus eixos

a meritocracia. Isto

significa que o resultado desta e de outras avaliações

externas será utilizado para

“premiar ou punir” professores e funcionários de acordo

com o resultado das provas,

estabelecendo uma lógica de remuneração variável.

Não somos contra a qualquer avaliação diagnóstica

que tenha por objetivo identificar

problemas no processo ensino aprendizagem para

melhorar a qualidade da educação.

O problema é que o Saerjinho é uma

avaliação classificatória que pretende

estabelecer salários diferentes de acordo

com a produtividade de cada escola,

desconhecendo que este sistema deu

errado em vários lugares como Chile,

EUA ou São Paulo, por exemplo. E deu

errado aqui no Rio também com o

Programa Nova Escola, que foi

um tremendo fracasso.

Acreditamos que a educação é um direito

de todos e dever do Estado.

Estabelecer uma lógica produtivista na

educação é esquecer que a escola

não é fábrica, que a riqueza do processo

educativo depende de muitas coisas

além do esforço dos professores e funcionários,

que não haverá qualidade na

educação enquanto as condições de trabalho

forem tão ruins que levam ao

abandono de mais de 20 professores por dia.

Por último é preciso denunciar o que a SEEDUC

esconde. O Plano de Metas

(do qual o Saerjinho faz parte) pretende

punir professores considerando até

mesmo o número de alunas grávidas nas escolas.

Se o número de alunas grávidas

em uma determinada escola aumenta, o salário do

professor diminui. Essa é a lógica

da meritocracia: tentar culpar o profissional da educação

por tudo o que acontece na escola.

Não boicotamos o Saerj para impedir um diagnóstico,

pois nós profissionais da

educação fazemos isso o tempo todo. Boicotamos

o Saerj porque não podemos

aceitar que a educação pública seja encarada

como uma mercadoria vendida

a preços diferentes dependendo das condições

do “negócio”. Educação de qualidade

é direito de todos!

Abaixo, citação do professor Luiz Carlos Freitas

sobre o assunto

“Isso não significa que todas as escolas não tenham

de ser eficazes em sua ação.

Muito menos que as escolas que atendem à pobreza

estejam desculpadas por

não ensinarem, que têm alunos com mais

dificuldades para acompanhar os

afazeres da escola. Ao contrário, delas se espera

mais competência ainda. Mas

os meios e as formas de se obter essa qualidade

não serão efetivos entregando

as escolas à lógica mercadológica. A questão é um

pouco mais complexa. Deixada

à lógica do mercado, o resultado esperado será

a institucionalização de escola para

ricos e escola para pobres (da mesma maneira que

temos celulares para ricos e para pobres).

As primeiras canalizarão os melhores desempenhos,

as últimas ficarão com os piores

desempenhos. As primeiras continuarão sendo as

melhores, as últimas continuarão

sendo as piores. Mas o sistema terá criado um corredor

para atender as classes mais

bem posicionadas socialmente, o que será, é claro,

atribuído ao mérito pessoal dos

alunos e aos profissionais da escola.”

(Luiz Carlos Freitas. Eliminação adiada:

o ocaso das classes populares

no interior da escola e a ocultação da ()

qualidade do ensino.

in:Educação e Sociedade, Campinas, vol. 28, n. 100

- Especial, p. 965-987, out. 2007.)






Nenhum comentário:

Postar um comentário