11 de março de 2012

Nota oficial do Sepe sobre o Projeto Autonomia da Seeduc: autonomia para quem?







Projeto da SEEDUC é mais uma demonstração da falta de

planejamento e da ausência de compromisso

com a qualidade da educação:

Neste início de ano letivo, muitas escolas

estaduais estão

vivendo um verdadeiro caos. Sem qualquer

diálogo

com a comunidade escolar, a SEEDUC

determinou

o fechamento de turmas regulares e a

abertura de turmas

do Projeto Autonomia que

utiliza a metodologia Telecurso da

Fundação Roberto Marinho.

Como estas telessalas utilizam apenas um professor

por turma, o resultado é que vários professores, ao chegarem

às suas escolas,

simplesmente não têm mais turmas para lecionar e

precisam, agora em fevereiro, mudar de escola,

dividir seu tempo

unidades, encaixar-se em horários estabelecidos, etc.

Centenas ou até milhares de professores viverão

este verdadeiro calvário nas próximas semanas.

O primeiro aspecto que salta aos olhos é a falta de

planejamento: as escolas atingidas terminaram o

ano de 2011 com uma previsão de quantitativo de

turmas regulares e agora em fevereiro essa previsão


foi alterada com a diminuição das turmas regulares para

criação das turmas de aceleração da autonomia.

Professores que chegaram a participar do concurso de

remoção e escolheram escolas, definindo horário e

local de trabalho para o ano de 2012, agora se vêem

sem escola e sem horário, tendo que alterar a vida

de suas famílias porque a SEEDUC não se importa

em implementar as políticas no tempo adequado

para escolas, alunos e professores. está tudo

organizado? Não importa. O que vale é o que

a secretaria manda fazer!

Mais uma vez as decisões foram tomadas sem

que a comunidade escolar fosse consultada e

repetindo o erro tradicional destas políticas

educacionais governamentais: são pedagogias

de gabinete feitas sob encomenda para economizar

recursos orçamentários educacionais e não para

investir na melhoria da qualidade educacional.

Também está em jogo a melhoria dos indicadores

que compõem o IDEB: ao acelerar a formação

destes alunos (que levarão apenas um ano para

completar o ensino fundamental e 18 meses para

terminar o ensino médio), o “autonomia” diminui

a distorção idade-série e a repetência escolar, elevando

consequentemente o IDEB. Mas, a que preço?

Aqui aparece o segundo aspecto a ser duramente

criticado: mais uma vez, o professor é reduzido

a um mero entregador de conhecimentos prontos,

um simples mediador “genérico”, como afirma o

próprio gerente do projeto na SEEDUC,

Antônio Neto: "O diferencial é que cada docente

vai orientar e mediar tarefas em diversas áreas

do conhecimento, e o aluno terá a chance

de participar ativamente".

Este aspecto está no cerne da metodologia do

Telecurso. Ao professor, sobra apenas a tarefa

de contextualizar o conteúdo e não mais produzir

conhecimento. O educador auxilia a tecnologia a

ensinar e não o contrário. Veja o que diz o site

do projeto Telecurso:"O professor do Telecurso

deixa de ser especialista em conteúdos específicos

e passa a ser responsável pela contextualização do

conteúdo do programa de acordo com a realidade

de cada região brasileira".

A política educacional do economista Risolia é assim:

para os alunos que enfrentaram as maiores dificuldades

em sua trajetória escolar e precisariam de um

atendimento de maior qualidade, oferece-se um

aprendizado aligeirado e padronizado, travestido

de moderno e de qualidade. Desta forma, a escola

vai se tornando cada vez mais fábrica, onde o que

importa é o “produto” chegar ao final da linha de

produção no tempo previsto.

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