Brasil - Envolverde
- [Selvino Heck] Sou filho de agricultor e tenho orgulho disso. Os
dois irmãos mais novos, Elma e Marino, mais mamãe Lúcia trabalham na
roça e tenho orgulho disso. Quem mora em Santa Emília, Venâncio Aires,
interior do interior do Rio Grande do Sul, e nas comunidades do
interior, segue plantando e produzindo, e eu tenho orgulho disso. São
essas pessoas dedicadas, trabalhadoras, homens e mulheres, que garantem
na nossa mesa 70% dos alimentos que comemos, todos os dias, o ano
inteiro. Tenho orgulho de ter estado oito anos no governo Lula, mais um
no governo Dilma e poder ter participado da elaboração e estado
presente no lançamento do Programa Nacional de Educação do Campo
(Pronacampo), pela presidenta Dilma.
Programa
é ambicioso. Disse o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, em
entrevista ao jornal Valor Econômico: "O Pronacampo é fundamental para
resolver uma dívida histórica do país. Só 18,4% dos alunos do campo
estão na escola. Vamos levar carretas às escolas, com óculos e exames. O
equivalente a 11 mil escolas, ou 15% do total, não têm luz, não têm
água, 94% não têm banda larga e 90% não têm internet. Primeira
providência: todo o material didático será do universo rural, queremos
criar uma bibliografia que estimule a permanência no campo. Outro
problema é o transporte. A partir deste ano vamos distribuir oito mil
ônibus e duas mil lanchas (no Norte) para facilitar o transporte de
alunos, distribuir 180 mil bicicletas e capacetes para os alunos e criar
escolas com alojamento para professores e alunos. Fizemos uma parceria
com a Embrapa para saber qual é o tipo de estrutura em cada região
para desenhar o ensino profissionalizante. Temos que estudar as cadeias
produtivas para isso".
Disse
a presidenta Dilma no seu programa semanal de rádio: "Quase 30 milhões
de brasileiros vivem no campo. São agricultores familiares, pequenos,
médios e grandes produtores, que fazem do Brasil um dos maiores
exportadores de alimentos do mundo. E também fazem do agricultor
familiar um dos maiores produtores de alimentos para as brasileiras e
brasileiros. Nós queremos que esses agricultores e suas famílias tenham a
oportunidade de estudar sem precisar deixar o campo. Uma das nossas
ações será oferecer material didático com conteúdo diferenciado para as
escolas rurais. A partir do ano que vem, os temas dos livros didáticos
dessas escolas estarão relacionados com a realidade das pessoas que
vivem no campo e também das comunidades quilombolas, valorizando os
saberes da terra e o conhecimento de quem vive na área rural".
A
realidade de quem vive no campo é difícil. A educação reflete estas
dificuldades. Diz a presidenta Dilma: "Nós hoje temos 342 mil
professores na zona rural, mas apenas pouco mais da metade desses
professores tem curso superior. Com o Pronacampo, nossa meta é formar
145 mil professores até o ano de 2014. E cinco mil escolas do campo
terão educação em tempo integral já neste ano de 2012. Vamos também
construir escolas que contarão, inclusive, com alojamento para
estudantes e professores, para que possamos receber aqueles que moram
muito longe da escola. Assim é possível implantar as chamadas Escolas de
Alternância, onde o estudante vai intercalar períodos de aula, que
podem ser de uma semana ou um mês, e depois outro período em casa, com a
família.
O
Brasil é a sexta economia mundial, em vias de se tornar a quinta. Por
isso, e por causa dos 30 milhões que plantam, produzem e põem os
alimentos na nossa mesa, é preciso dar-lhes condições e qualidade de
vida. Para isso, disse a presidenta Dilma, "a educação tem um papel
estratégico, transformador, e ela precisa ser garantida a todos os
brasileiros, sem exceção. O Pronacampo faz parte do esforço de garantir
oportunidades para que, sobretudo, as novas gerações possam estudar, se
desenvolver e transformar este país em uma grande nação".
O Pronacampo
foi discutido com todos os movimentos sociais do campo – Contag, Via
Campesina, Fetraf. E vai dialogar diretamente com o Brasil Sem Miséria,
nas regiões mais pobres do Brasil. A educação, todos sabemos e sabem
todos no governo federal, é uma das principais formas de combater a
fome, a miséria e a exclusão social, de fortalecer sujeitos de direitos
e garantir o protagonismo popular na construção de um país com
justiça, igualdade econômica e social e democracia.
Fechar
escolas não. Abrir e reabrir, sim. Para poder dizer, como disse a
presidenta Dilma no lançamento do Programa: "Este é um daqueles
momentos em que a gente tem orgulho de ser presidente da República, mas
não é um orgulho qualquer. É porque a mim me gratifica poder como
presidenta aplicar, implementar um programa que vai levar, sobretudo à
população jovem deste país, um outro destino, a possibilidade de outros
sonhos".
FONTE: Diário Liberdade
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