No ensino médio fluminense, índice foi de 18,5% em 2011; Brasil teve pior desempenho desde 1999, com 13,1%
A
taxa de reprovação no ensino médio brasileiro voltou a subir no ano
passado e bateu recorde, atingindo 13,1% na média nacional. Trata-se do
mais alto índice já registrado pelo menos desde 1999, primeiro ano
disponível para consulta, na internet, no portal do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da
Educação. Em situação bem pior do que a média do país, o Rio teve uma
ligeira melhora, mas manteve a posição de segundo estado com maior taxa
de reprovados do ensino médio em 2011: 18,5%. Em 2010, a taxa fluminense
era de 18,9%.
Os
mais recentes indicadores de reprovação foram divulgados na
segunda-feira pelo Inep, sem alarde. Eles levam em conta o desempenho de
estudantes da rede pública e privada. Conforme dados já divulgados pelo
Inep, a taxa mais alta de reprovação no país era a de 2007, quando 13%
dos alunos de ensino médio não passaram de ano. Nos últimos anos, essa
taxa tem oscilado para cima e para baixo. Em 2010, ficou em 12,5%.
No Brasil, 9,6% abandonam ensino médio
Se
forem consideradas apenas as escolas públicas, o quadro é ainda mais
grave. No Rio, por exemplo, o índice de reprovação em estabelecimentos
públicos alcançou 20,1%. No Brasil, não é diferente. A taxa global de
reprovação, incluindo colégios públicos e privados, foi de 13,1% em
2011. Já o índice da rede pública, que era de 13,4% em 2010, subiu para
14,1% no ano seguinte. A reprovação nas escolas particulares brasileiras
ficou na casa de um dígito no ano passado: 6,1%. Menor do que a
observada na rede privada do Rio, onde o índice foi de 9,9%.
A
soma de reprovação e abandono gera um número assombrador, isto é, a
quantidade de alunos que aparecem nas estatísticas de matrículas, mas
não conseguem avançar. Em 2011, nada menos do que 22,7% dos jovens do
ensino médio ficaram nessa situação. Dito de outra forma, a taxa de
aprovação, portanto, foi de 77,3% no ensino médio, em 2011.
No Rio, a taxa de aprovação no ensino médio foi menor: 71,4%. Dentre os estudantes fluminenses, 10,1% abandonaram a escola e 18,5% foram reprovados, totalizando 28,6%. No ranking nacional, o estado aparece em 23º lugar em aprovação, na frente apenas de Rio Grande do Sul, Pará, Mato Grosso e Alagoas. O melhor desempenho foi de Santa Catarina, com 84,5%.
Passando por um momento de reestruturação, a rede estadual do Rio, que concentra a maior parte das matrículas de ensino médio, tenta lutar contra os fantasmas da repetência e do abandono. Aluno do Colégio Estadual Olavo Bilac, em São Cristóvão, Jemerson Valente, de 20 anos, conta que desde os 14 teve que conciliar a rotina de estudos com a de trabalho, numa padaria perto de casa. Ele repetiu a 1ª série do ensino médio nada menos do que cinco vezes. Mas este ano se prepara para se formar, através de um projeto de aceleração de estudos, parceria da Secretaria de Educação com a Fundação Roberto Marinho.
— Meu sonho é cursar gastronomia — afirma ele.
Também
aluna do Olavo Bilac, Érica Lino, de 18 anos, passou por várias
repetências no ensino fundamental, mas também encontrou no processo de
aceleração escolar um caminho.
— Quero ser modelo, mas sei que preciso completar o ensino médio — diz a jovem, com altura e peso dignos de passarela.
No ensino fundamental, ocorreu movimento inverso ao do ensino médio. A
taxa de reprovação no Brasil caiu de 10,3% para 9,6%, entre 2010 e
2011. O índice de abandono também diminuiu de 3,1% para 2,8%, no mesmo
período. No Rio, o índice de reprovados teve diminuição de 15% para
13,1%, entre 2010 e 2011. Com isso, o Rio passou a ser o nono estado com
taxa mais alta de reprovação no fundamental. Em 2010, tinha o quinto
maior índice do país. Sergipe tem a maior taxa, com 19,5% de reprovação
no ano passado. Já Mato Grosso, a menor, com 3,6%. A taxa de abandono no
Rio caiu de 2,6% para 2,1%.
FONTE : O GLOBO
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