WILMA LÚCIA RODRIGUES PESSOA
Vejo na TV o discurso pretensiosamente progressista de que a escola deve estar "aberta para a comunidade". Que escola? Aberta como?
Vivemos tempos neoliberais, de abandono do coletivo, de extremo individualismo, vivemos o tempo do darwinismo social. A escola não está imune, nem as famílias. A agressividade e a competitividade adentram a escola estimulados pelo aluno empreendedor, do professor "reflexivo", da escola produtivista, com mais horas de aula e menos professores, menos conteúdo, da aprovação automática (ou semi-automática, como queiram). Da desvalorização do profissional da educação e da ode aos "amigos das escolas".
A Escola deve estar aberta para entrada de recursos que a qualifiquem para dar o melhor aos seus estudantes. A Escola deve estar aberta para que entre a boa merenda, a boa hora de aula, o bom profissional bem remunerado e concursado. A Escola deve estar aberta para uma boa biblioteca e bons equipamentos didáticos, deve estar aberta para o conforto dos alunos e dos professores na hora da aula.
A parte administrativa da Escola deve estar aberta para o público, mas não deve servir de porta de acesso descontrolado para que qualquer um circule a qualquer momento no espaço reservado as atividades de ensino. A parte administrativa não deve dar acesso a parte das atividades de ensino. Deve haver inspetores, psicólogos, médicos, dentistas, fonoaudiólogos, especialistas que cuidem dos nossos alunos e treinem nossos profissionais de educação para perceber quando um aluno precisa de um cuidado especial, para encaminhá-lo a um tratamento adequado que o ajude a superar suas dificuldades.
A Escola deve estar aberta para que os familiares e profissionais da educação se reúnam e reflitam sobre o que é preciso fazer para melhorá-la, para se unir e reivindicar.
A Escola deve estar fechada para as Cláudias Costins da vida, carreiristas sem compromisso com a sociedade e sim com seus pares de governo no desmonte dos serviços públicos, dos nossos sonhos e dos nossos filhos.
Vamos abraçar a Escola todo o aniversário do massacre de Realengo para protestar contra esse abandono em que lançaram a educação e nossas crianças, contra o ataque cotidiano dos governos aos que trabalham na Escola e por ela. Em memória de todos os nossos lutadores que se foram, de nossas vítimas e por um futuro melhor.
Em memória do companheiro Eduardo e das vítimas do Realengo.
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