8 de novembro de 2012

O grande educador Anísio Teixeira terá sua morte investigada 41 anos depois

Aconteceu hoje em Brasília, hoje, às 10 da manhã, na Fundação Darcy Ribeiro, uma audiência da Comissão Nacional da Verdade, em que o filho do educador Anísio Teixeira, Carlos Antonio Teixeira, seu sobrinho, Haroldo Lima, e o pesquisador de sua vida e obra, o professor João Augusto de Lima Rocha, apresentaram um dossiê que indica ser falsa a versão oficial de que o professor morreu em consequência de uma suposta queda no elevador do prédio do imortal Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Edifício Duque de Caxias, Praia de Botafogo 48, Rio de Janeiro…

Como conto aqui ao lado, nas Borbulhantes, Anisio, com aquela visita a Aurélio, encerrava o protocolar “beija-mão”, apresentando-se como candidato a imortal da Academia Brasileira de Letras por indicação do amigo imortal Hermes Lima, que via nisso maneira de resguardá-lo dos perigos da Ditadura Militar…

Anísio desapareceu no dia 11 de março de 1971. Seu corpo foi encontrado, apenas dois dias depois, no poço do elevador do edifício…

Há indicações, confirmadas por duas personalidades importantes próximas da família do educador e ligadas aos golpistas de 1964, de que, em torno do meio-dia daquele dia 31, Anísio se encontrava detido em instalação da Aeronáutica no Rio, e não caído no fosso do elevador, conforme a versão oficial afirmou…

O dossiê entregue à Comissão Nacional da Verdade contém indícios de que a morte ocorreu sob tortura, dois meses antes da morte de meu irmão Stuart Angel (o comandante da Base Aérea do Galeão era o mesmo brigadeiro Burnier envolvido na morte de meu irmão Stuart) e um mês após a morte de Rubens Paiva, parecendo haver conexão entre os três episódios. Era o governo do general Emilio Garrastazu Médici, aquele em que mais se matou…

Todos esperamos que as investigações a cargo da Comissão Nacional da Verdade possam levar ao esclarecimento completo dessa tragédia brasileira que se arrasta há 41 anos!…

O professor João Augusto de Lima Rocha, da UFBA, estudioso da vida e obra de Anísio Teixeira, é um personagem importante na exumação dessa história nebulosa da morte de Teixeira. Ainda há brasileiros éticos e dignos que não entregaram os pontos…

A morte em circunstâncias dúbias do educador baiano Anisio Teixeira, que revolucionou o ensino brasileiro, será agora investigada, enfim!

Amigo de Monteiro Lobato, amigo de Darcy Ribeiro, criou a CAPES, fundou a Universidade de Brasília, a Escola Parque em Salvador, que serviu de modelo aos Cieps e Ciacs.

Dois meses antes de morrer, Anisio Teixeira escreveu ao amigo Fernando de Azevedo:

“Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido ao seu caráter definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte”
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário